Pneumonia no paciente com insuficiência cardíaca
- Dr. Ronaldo Gismondi
- 21 de abr. de 2021
- 2 min de leitura
A descompensação da insuficiência cardíaca (IC) é uma das principais causas de atendimento emergencial e hospitalização no paciente cardiopata. Os principais fatores descompensadores são excesso na ingestão de sal, tratamento irregular, infecções secundárias, piora da função renal, arritmias e isquemia miocárdica. Entre as infecções, a pneumonia é a mais comum, com maior risco de mortalidade em relação a pacientes sem IC.
Em um interessante estudo, Chen e cols fizeram uma análise secundária dos dados dos estudos PARAGON-HF (ICFEP) e PARADIGM-HF (ICFER), ambos estudos que no desenho original avaliaram o efeito do sacubitril/valsartana na mortalidade. Na análise em questão, os autores estudaram a incidência e o prognóstico dos pacientes com ICFER e ICFEP que desenvolveram pneumonia.
O que os resultados mostraram?
Sobre incidência e prognóstico da pneumonia: a taxa de pneumonia foi 6,3% na ICFER e 10,6% na ICFEP. Os pacientes com pneumonia, em ambos os estudos, eram mais velhos (em média 3 anos a mais), maior proporção de homens, mais sintomáticos e pior função renal. Um aspecto interessante é que o tabagismo não foi diferente no grupo com e sem pneumonia em ambos os estudos. O risco de morte, como esperado, foi maior no grupo com infecção respiratória, com uma razão de chances (odds ratio) de 4,34 (ICFER) e 3,76 (ICFEP), sendo o primeiro mês após a alta o período de maior probabilidade de óbito.
Como isso afeta sua prática?
Em todo paciente com IC descompensada, é necessário avaliar o motivo, e as infecções respiratórias são um dos mais comuns. As manifestações clínicas (tosse produtiva), o exame físico (estertores bolhosos e roncos), a imagem (condensação no Rx ou TC) e o laboratório (incluindo procalcitonina) são as principais ferramentas para avaliar a presença de infecção secundária. Nos pacientes como comorbidades, como a IC, recomenda-se que o tratamento da pneumonia comunitária seja a associação de um beta-lactâmico com azitromicina, sendo as principais opções amoxacilina/clavulanato e cefuroxima.
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